Dezembro 2014
O primeiro fim-de-semana de Dezembro destinado aos entusiastas da dança escocesa teve lugar no magnífico e histórico Hotel Palácio Estoril. Um encontro de dançarinos e de amigos numa pitoresca parte da Europa do Sul, um ambiente muito internacional mas acolhedor e o tempo incrível combinaram para que este evento fosse verdadeiramente único. A cereja no topo do bolo, foi sem dúvida, a extraordinária música executada ao vivo pela conceituada pianista escocesa, Muriel Johnstone.
Além dos workshops de dança escocesa e irlandesa e um baile tradicional, o evento ofereceu igualmente um concerto de FADO, excursões e um Ceilidh especial com as participações dos grupos locais, canto português e uma interpretação original do folclore português pelos Folkzitas. .
Todos estes elementos podiam ser encontrados nos Azulejos originais pintados à mão pela artista local proveniente da Escócia, Ruth Scott Lindley, que expressou o ambiente deste fim-de-semana nas suas obras.
Usufruímos de um ambiente único e acolhedor com uma linguagem universal de comunicação: a DANÇA!
ENTREVISTA COM MURIEL JOHNSTONE
Muriel Johnstone ganhou a reputação de uma das melhores intérpretes musicais que atualmente toca música para a Dança Escocesa, tanto como solista como também com outros músicos. Tem sido justamente chamada de ‘Guardiã da Tradição Escocesa.’
Muriel começou tocar piano aos 7 anos de idade e a dançar um ano mais tarde. Tem tocado para a dança desde 1965 e a sua música tem acompanhado a Escola de Verão da Sociedade Real da Dança Escocesa desde 1975. Em 1984 criou os ‘Scotscores’ e tem viajado pelo mundo desde 1988.
Nunca perdeu o seu entusiasmo pela música e pela dança da Escócia.
Ela própria considera-se muito privilegiada por trabalhar fazendo aquilo que absolutamente adora.
Em dezembro de 2014 tivemos a honra e um grande prazer em dançar aos tons da lindíssima música da Muriel durante o nosso primeiro fim-de-semana de dezembro em Portugal. Muriel acompanhou com a sua música as aulas, baile e Ceilidh. Foi um evento inesquecível.
Adriana Jurczyk Duarte, Moonluza (AJD): Muriel, foi a tua primeira vez em Portugal?
Muriel Johnstone (MJ): Não, esta foi a minha segunda vez cá. Pela primeira vez visitei o Algarve e Lisboa. Foi também uma viagem ligada à dança escocesa. Adorei Portugal e fiquei muito contente em poder visitar este lindo país mais uma vez.
AJD: Porque achas que a Dança Escocesa é tão popular pelo mundo? O que tem de tão especial?
MJ: Sendo Escocesa, é uma questão de orgulho da Dança Escocesa se ter tornado tão popular pelo mundo. Há muito excelentes Embaixadores desta forma de dança. Alguns Escoceses que vivem ou trabalham no estrangeiro têm se dedicado em manter a tradição viva e têm criado clubes e sociedades para promover tudo o que é Escocês. Professores de dança têm visitado várias partes do mundo, passando a tradição e contagiando de entusiasmo. Ainda me parece pouco real que em pelo menos 35 países no mundo existam filiais da Sociedade Real da Dança Escocesa. O que tem de especial? Penso que seja uma combinação de coisas onde diferentes pessoas sentem-se atraídas por razões diferentes. A Dança Escocesa é em primeiro lugar um passatempo social, requer o uso do cérebro, é um fantástico exercício feito com a música enérgica e ao mesmo tempo muito bonita: por isso é social, mental, físico e emocional embrulhado em um!
AJD: Qual é a tua dança preferida? Há alguma história atrás?
MJ: Como é que se consegue escolher uma dança quando tem-se dançado há 60 anos! Há muitas danças que gosto e simplesmente adoro strathspeys. Uma das minhas danças favoritas é ‘The Braes of Breadalbane’ – a dança que requer muita força e que tem uma melodia de strathspey poderosa em tom menor – céu! Aprendi esta dança na adolescência num grupo jovem para uma competição de dança. Ganhámos – pelo que esta sempre tem sido uma dança especial!
AJD: De onde vem a inspiração para a tua música e para as danças?
MJ: Cresci numa pequena cidade na costa ocidental da Escócia do outro lado da rua virada para o mar. A primeira coisa que via todas as manhãs era o mar e (quando não chovia) a ilha de Arran. Diria que o mar muitas vezes tem sido a inspiração para compor as minhas músicas. Outras paisagens também têm tido o seu papel. Actualmente vivo nas montanhas da Escócia com uma vista deslumbrante – onde será igualmente uma inspiração poderosa. Muitas vezes solicitaram-me que escrevesse música para uma pessoa em particular. Isto torna-se mais desafiante quando não conheço essa pessoa e tenho de perguntar os pormenores sobre o carácter dela, gostos e desgostos, histórias que ilustram a sua natureza, etc… É um processo divertido e a reação das pessoas traz muita satisfação.
AJD: Quem é o teu músico favorito?
MJ: É uma pergunta difícil uma vez que gosto de tantos estilos diferentes da música. O meu músico Escocês favorito é o violinista Alasdair Fraser.
AJD: O que achaste do primeiro Fim-de-Semana de Dezembro da Moonluza?
MJ: Gostei muito do primeiro Fim-de-Semana de Dezembro da Moonluza. Ofereceu algo um pouco diferente dos outros fins-de-semana de Dança Escocesa. Em primeiro lugar a localização foi fantástica. Estoril e os arredores é uma zona muito atraente e a cidade de Lisboa é facilmente acessível. O tempo foi tão bonito que quase não conseguia acreditar que era Dezembro e eu passeava na praia! O Hotel Palácio era magnífico – um edifício impressionante, cama gigante, grande árvore de Natal (decorada com fita escocesa em nossa honra!), salões de mármore, comida fabulosa – podia continuar!
Havia dança nas aulas de manhã e dança social à noite. Tivemos igualmente a oportunidade de ouvir um concerto de Fado, ver as danças folclóricas portuguesas e a dança irlandesa. Havia também duas excursões à tarde com vistas deslumbrantes. Foi um fim-de-semana repleto de atividades.
AJD: Há alguma possibilidade da inspiração para a tua próxima música ou dança vir de Portugal?
MJ: Há possibilidade! Tenho memórias suficientes, vistas e sons na minha cabeça que um desses dias poderão materializar-se em tons do piano!
Obrigada por esta entrevista. Esperamos ver-te novamente em Portugal!
Entrevista: dezembro de 2014